Os 144 mil, literal ou simbólico?
Os 144 mil de Apocalipse 7 constituem o povo de Deus do
tempo do fim que serão selados na fronte como símbolo de propriedade exclusiva
de Deus, aqueles que estiverem vivos por ocasião da segunda vinda de Cristo. Os
144 mil e a grande multidão são o mesmo grupo de pessoas, portanto, o número é
simbólico e não literal. Observe algumas evidências:
1-
João ouviu o número de que era 144 mil, mas
quando observou, percebeu que era um número incalculável, uma grande multidão.
O mesmo ocorre, por exemplo, em Apocalipse 5:5, João ouve falar que Jesus é o
Leão, mas no verso 6, quando se vira para olhar, vê um cordeiro. Jesus, o Leão,
é, o Cordeiro. O mesmo ocorre quanto ao número. Em Apocalipse 7:4, João ouve o
número dos selados como sendo 144 mil, mas o que ele vê no capítulo 7:9 é uma
grande multidão. Os 144 mil e a grande multidão compõem o mesmo grupo visto de
perspectivas diferentes.
2-
A resposta à pergunta: Quem é que pode suster-se?
(6:17) é dada em todo o sétimo capítulo. Tanto os 144 mil como a grande
multidão são capazes de suster-se.
3-
Os 144 mil, bem como a grande multidão, tem que
passar por tempos difíceis. Os 144 mil são selados antes de soprarem os ventos
e a grande multidão vem da grande tribulação. Então, ambos passam por momentos
duros e hostis.
4-
Os 144 mil são a igreja de Deus no tempo do fim
na terra, enquanto a grande multidão é a igreja do tempo do fim no Céu.
5-
O número 144 mil é formado por 12x12x1000, 12
geralmente é identificado como o número perfeito ou ideal de governo, e é o
número das tribos e dos apóstolos do Cordeiro (Ap 21:12, 14). O número 1000,
segundo o livro de Números 31:4-6 pode ser entendido como uma unidade militar
no antigo Israel. Portanto, os 144 mil representam a igreja militante em guerra
no tem po do fim. A grande multidão é a mesma igreja do tempo do fim depois da
grande tribulação. As informações sobre a grande multidão apenas complementam
as dos 144 mil.
6-
Segundo Apocalipse 7:3, os 144 mil são servos do
nosso Deus. Em Apocalipse 7:15 a grande multidão serve a Deus.
7-
As tribos de Israel de Apocalipse 7 não são
naturais. De acordo com Daniel 8 e 9, o Israel natural (ICo 10:18; Rm 9:8),
deixou de ser povo de Deus a partir do ano 34 de nossa era. Israel significa “o
vencedor”, atributo que pode ser atribuído a qualquer pessoa que decide viver
para Cristo (Ap 2:7). É neste conceito que Paulo afirma que “Não é judeu quem o
é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu
é aquele que o é interiormente. Paulo está afirmando que há dois tipos de
israelitas, os carnais e os espirituais. Neste caso Paulo está afirmando que os
Israelitas espirituais são os que são pela fé filhos de Abraão. “E se sois de
Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa (Gl
3:7 e 29).
8-
As 12
tribos de Israel não são as mesmas descritas em Apocalipse 7. Dâ e Efraim
ficam de fora da lista de Apocalipse, enquanto José e Levi foram incluídas. Dã
significa juízo e representa aqueles que vivem criticando os outros, julgando
seus erros, muitas vezes caluniando-os e levando-os à queda (Gn 49:16 e 17 “Dã
julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dã será serpente junto ao
caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os talões do cavalo e faz cair o
seu cavaleiro por detrás”. “Ellen White confirma esse fato ao dizer o seguinte:
“O homem verdadeiramente convertido não se inclina a pensar nas faltas dos
outros. Só entrarão no céu aqueles que venceram a tentação de pensar e falar
mal” (Review and Herald, 24/11/1904). Efraim significa fecundidade dupla e
representa aqueles que estão unidos à igreja e ao mundo ao mesmo tempo e isto
resultará em ruína eterna para eles (Os 13:12 “As iniquidades de Efraim estão
atadas juntas, o seu pecado está armazenado; 4:17 “Efraim está entregue aos
ídolos; 7:8 “Efraim se mistura com os povos e é um pão que não foi virado”;
12:14 “Efraim mui amargamente provocou à ira; portanto, o Senhor deixará ficar
sobre ele o seu opróbrio”). Ellen White descreve um grupo assim que ficará de
fora do grupo escolhido: “Unindo-se ao mundo e participando de seu espírito,
chegaram a ver as coisas quase sob a mesma luz; e, em vindo a prova, estão
prontos a escolher o lado fácil, popular”. Portanto, as tribos traduzem um
simbolismo especial de uma experiência peculiar. Cada nome dos filhos de Jacó e
cada tribo de Israel teve sua experiência própria que representará a
experiência dos filhos de Deus nos últimos dias que se traduz, ao final, como
recebedores do caráter de Deus através dos méritos de Cristo, a final, eles são
vistos trajados com a justiça de Cristo (Ap 3:5; 19:7-9; Jo 12:12, 13).
Este
grupo simboliza um povo que, mesmo em meio às provas, manter-se-á fiel a Deus.
Eles iluminarão o mundo com a glória de Cristo impressa em suas vidas (Ap 18:1)
– um caráter moldado pelo amor, pela obediência e pela dependência em Deus.
Eles são descritos como aqueles que "não se contaminaram com
mulheres" (Ap 14:4), ou seja, buscaram uma vida pura em propósito e
convicção de fé, além de se oporem à corrupção do mundo secular e religioso.
Sua
pureza não virá de seus próprios méritos, mas de sua aliança com Cristo,
recebendo Dele sua justiça (Rm 3:22-28). Eles foram redimidos, lavados no
sangue do Cordeiro, e suas vidas refletem a vitória de Cristo conquistada para
cada um de nós (1Co 15:57).
Independentemente de fazermos parte ou não
dos 144 mil, é importante que busquemos as virtudes que tornam esse grupo
especial. Deus nos convida hoje para sermos leais, fieis à Sua aliança.
Fortaleça todos os dias o seu compromisso de filho de Deus. Decida hoje
refletir a Sua glória em sua vida. Ter as virtudes dos 144 mil na vida é sempre
dizer com autenticidade “Não vivo eu, mas Cristo vive em mim”.
Pr. Gilberto Theiss