Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 09 – 3º Trimestre 2010 (21 a 27 de Agosto)


Comentário da Lição da Escola Sabatina – Lição 09 – 3º Trimestre 2010 (21 a 27 de Agosto)

Comentário: Gilberto G. Theiss

Liberdade em Cristo


“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1, RC).

Certa vez, um jovem, pertencente a uma igreja evangélica, questionou a obediência à lei de Deus fazendo uso de Romanos 8:1 “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo”, ensinando que não é necessário guardar mandamento algum. Esta afirmação é um tanto curiosa, pois, alguns confundem liberdade com libertinagem. É claro que, possivelmente, este jovem evangélico, tenha dito estas palavras sem analisar os prejuízos que esta afirmação poderia trazer. Deus não nos convida à salvação para viver na libertinagem, Ele nos convida não para termos liberdade no pecado, mas para termos liberdade do pecado e de suas conseqüências.

Satanás, desejou possuir o poder de Deus, mas não desejou possuir o caráter. Da mesma forma, muitos pretendem possuir o poder de Deus, Seus favores, Sua bondade, suas curas, mas fogem do objetivo de possuir o caráter de Deus na vida.

Romanos 8, apresenta agora a vitória sobre o pecado, a destruição das algemas que aprisionava o crente na carne. Isto, é claro, não vem da lei, mas do poder de Deus. A lei apenas conduz o sincero aos pés da cruz, e o sincero, ao chegar aos pés da cruz, com o coração contrito e desejoso de ser liberto, alcança, nos méritos de Cristo, pela fé, a tão sonhada liberdade, não dá lei, mas do pecado, de suas conseqüências e de sua condenação.

DOMINGO, 22 DE AGOSTO
Liberdade da condenação

Como já ilustrado anteriormente, gostaria de relembrar uma história fictícia para entendermos o que significa ser libertados...

Estamos diante de um tribunal, com jurados, juiz, promotor, advogado e uma assembléia de expectantes a observar o julgamento. O réu, uma pessoa extremamente conhecida por suas transgressões, se vê diante de provas contundentes de sua culpa. Depois de intenso julgamento, com poucas provas a favor e inumeráveis provas contra, o juiz bate o martelo e divulga ao público a sentença, morte por cadeira elétrica. Todos se assombram, mas não ficam surpreendidos, pois todas as evidências incriminavam o réu e davam suporte à sentença, embora penosa, ainda era demasiado pouca para tais transgressões cometidas. Derepente, alguém em meio ao publico se levanta e diz com alta e clara voz: Senhor Juiz, eu gostaria de livrar este homem de sua culpa e de sua sentença, eu me ofereço para assumi-las, gostaria de substituí-lo. Bom, esta história, como percebido, é fantasiosa, mas, a história da raça humana diante do conflito entre o bem e o mal, não é.
Diante do tribunal do céu, todos nós, culpados pela transgressão, estávamos sentenciados a morte eterna. Diante do tribunal do céu, Deus (na pessoa de Jesus), se ofereceu para assumir e nos substituir em nossa pena eterna. Esta história é tão real que a cruz foi levantada entre o céu e a terra com o objetivo de salvar e restaurar todos os que aceitassem e se entregassem a Cristo permitindo que Sua justiça absorvesse toda nossa injustiça perante o céu. Em outras palavras, o precioso sangue de Cristo, torna nossa ficha criminal limpa diante do tribunal celestial. Isto é substituição, isto é na mais pura essência expiação e  justificação pela fé.
Mas, é importante entender que, embora a condenação tenha sido suspensa, por Cristo as ter assumido em Sua vida por nós, Deus não oferece justificação para vivermos na liberdade da transgressão praticando injustiças. O fato mais surpreendente, é que muitos, parecem desejar ser salvos da lei de Deus e não do pecado. Querem ficar livres da lei para continuar pecando. Pelo menos é o que transparece, pois certa vez me encontrei com uma pessoa que se dizia ser cristã, conversando com ela a respeito das verdades que descobrira, para minha surpresa, ela disse que preferia não ter conhecido a verdade. Mas, agora, por conhecer a verdade, terá que buscar viver a verdade, e é exatamente isto que a incomodava.

Parece que o amor de Cristo ainda não alcançou o coração de algumas pessoas, pois, parece que, depois de algum tempo, começam a sentir saudades dos pecados. Deus através de Cristo, oferece vitória, felicidade e liberdade do pecado e também da força e poder do pecado. A promessa de Deus é completa e suficiente. A mesma graça que salva é a mesma que nos conduz a cumprir os deveres da vida (Santificação, p. 87 e 81), em outras palavras, tudo o que temos a fazer é, permitir que Deus através do Espírito Santo trabalhe em nós a “lei do Espírito da vida”, ou seja, o plano de Cristo para salvar e regenerar, afastando de nós a “a lei do pecado e da morte” mediante a atuação do Espírito Santo (Rm 8:2).

SEGUNDA, 23 DE AGOSTO
O que a lei não pode fazer

Rm 8.3 Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado.
Rm 8.4 para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Embora a lei do trânsito seja boa, ela jamais poderá livrá-lo da infração cometida. Embora a lei da química seja boa, ela jamais poderá livrá-lo da morte caso  você tome um veneno letal. Embora a lei da física seja boa, ela jamais poderá livrá-lo do estrangulamento caso você resolva pular de um prédio muito alto. Da mesma forma, a lei de Deus, embora seja muito boa, ela não poderá livrá-lo da condenação caso continue vivendo na transgressão.

É aqui que entra o maravilhoso dom da salvação mediante a Cruz do calvário. Jesus Cristo, pagando a culpa que era nossa, assumiu todas as penas da infração cometidas por nós. Mas, como já mencionado, Ele não assumi as minhas transgressões para que eu continue vivendo na impiedade. Ele nos salva, e também nos habilita à crucificarmos a carne, com suas paixões e os seus desejos (Gl 5:24), para refletirmos o caráter de Cristo. Nosso ideal na vida cristã, é buscar fazer a vontade de Deus deixando de viver na carne para viver no espírito. Viver na carne significa viver no pecado, enquanto que viver no espírito significa viver obedecendo a lei de Deus pelo poder, atuação e regeneração do Espírito Santo (Rm 8:5 e 7).

TERÇA, 24 DE AGOSTO
A carne contra o Espírito

Rm 8.5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
Rm 8.6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Rm 8.7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;
Rm 8.8 e os que estão na carne não podem agradar a Deus.

“Inclinam-se” como mencionado no verso 5, no grego (Kata), é usado como, “com propósito de, de acordo com, em conformidade com” (NETO, Joaquim A. COSTA, Isael Santos S. Léxico Analítico do Grego do Novo Testamento, p. 210).

Paulo parece afirmar propositalmente, que há grupos de pessoas vivendo em conformidade com os desejos da carne e que tais, não poderão jamais agradar a Deus. Somente os que forem inclinados (Kata) para o Espírito, é que terão vida e paz. Em outras palavras, somente os que viverem em conformidade com o Espírito, não na carne, é que receberão a vida. No verso 7, Paulo deixa bem claro que, os inclinados para as paixões da carne são exatamente aqueles que não estão sujeitos à lei de Deus. Tal pronunciamento evidencia a legitimidade e importância da lei e que ela não fora alterada como sugerem alguns.

Por outro lado, haviam os Judeus que viviam na obediência à lei tanto quanto a aceitação plena do sacrifício de Jesus. Tal extremo precisava ser remediado, pois a obediência sem Cristo, como substituto pleno do homem, não tem absolutamente nenhum valor.

Diante dos Judeus e diante dos gentios, Paulo tentou ser preciso quanto ao que tange a salvação e a conduta humana diante da salvação. Para os gentios, o apóstolo deixou claro que aceitar a Cristo, mas sem obedecê-lo, viveriam no desagrado de Deus, entretanto para os Judeus, Paulo afirmou que a lei sem Cristo também não tinha nenhum valor.

De qualquer forma, como ensinado nestes versos, aqueles que vivem na transgressão, vivem em conformidade com as paixões da carne, mas os que vivem no Espírito ou guiados pelo Espirito, são os que vivem em conformidade com a lei de Deus.

QUARTA, 25 DE AGOSTO
O Espírito em nós

Rm 8.9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Rm 8.10 Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
Rm 8.11 E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.
Rm 8.12 Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne;
Rm 8.13 porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
Rm 8.14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.

“Espírito de Deus habita em vós” significa que Deus ou Cristo habita no coração humano através da presença do Espírito Santo. Paulo faz uma declaração muito contundente no verso 14, dizendo que “todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esse são filhos de Deus”. É possível não receber o título de filho de Deus se negarmos a presença do Espírito Santo na vida? Há muitas maneiras de negar a atuação do Espírito, e uma delas seria viver na carne ou viver na transgressão da lei (Rm 8:12, 7).

            Nossa luta contra o pecado deves ser constante, inclusive o pai da justificação pela fé, Martinho Lutero, ensinou que o pecado é como uma barba, precisa ser cortado constantemente. Isto implica em luta, abandono do próprio eu e sacrifício diário. Mas a realidade é que não somos chamados a colocar o barco de nossa vida à deriva, somos chamados para compartilhar com Deus através do Espírito Santo nossas lutas. Assim, a vitória contra o pecado, poderá ser uma realidade. Sozinhos seremos mais que derrotados, mas, com Cristo, seremos mais que vencedores. A carne, ou o pecado, possui um poder que nós sozinhos não podemos vencer, mas com Cristo, pela atuação do Espírito Santo em nossa vida, poderemos viver em paz e resistentes as provas. De qualquer forma, se alguém cair, não é motivo para desistências, pelo contrário, é motivo sublime para nós nos apegarmos com mais força em Cristo para tomarmos posse da vitória.

QUINTA E SEXTA, 26 E 27 DE AGOSTO
Adoção contra escravidão

Rm 8.15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!
Rm 8.16 O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus;
Rm 8.17 e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.

Aprecio uma frase muito popular e conhecidíssima, que diz: “Não sou dono do mundo mas sou filho do dono”.

Quando olhamos para nossa situação, quando olhamos para as desgraças que caem sobre o mundo, quando vemos a situação caótica da moral humana, é ai que podemos olhar para o céu e dizer, como é bom ser filho de Deus.

Quantos hoje saíram das algemas do pecado, da escravidão de suas paixões, e libertados, olham com admiração para a cruz do calvário. A cruz é um mero símbolo de entrega, compaixão e amor, mas quando olhamos para ela, não enxergamos apenas as madeiras cheias de manchas de sangue; simplesmente olhamos para ela, com o intuito de enxergar nela o Senhor da glória, o Deus encarnado que assumiu a forma humana para poder nos alcançar com Sua graça maravilhosa. Não existe história mais linda e profunda como esta, principalmente em um mundo tão cheio de fantasias e histórias irreais. Jesus Cristo atravessou o universo, adentrou na atmosfera deste miserável planeta para nascer, crescer, sofrer, se humilhar e por fim ser pendurado entre o céu e a terra para nos ligar com o céu e nos tornar filhos pela adoção. Estávamos desgarrados mas Deus nos oferece vitória, vida eterna e felicidade sem fim. A minha conclusão é, nada neste mundo é tão importante e sublime quanto o de nos manter firmes ao lado de nosso terno Salvador. Nada.

Reflexão

O plano de salvação não oferece aos crentes uma vida livre de sofrimento e provações deste lado do reino. Pelo contrário, chama-os a seguir a Cristo pelo mesmo caminho de abnegação e renúncia. ... É por essas provações e perseguições que o caráter de Cristo é reproduzido e revelado em Seu povo. ... Partilhando os sofrimentos de Cristo, somos educados, disciplinados e preparados para compartilhar as glórias do além” (The SDA Bible Commentary, v. 6, p. 568, 569).

“A corrente que desce do trono de Deus é suficientemente longa para alcançar as maiores profundezas. Cristo é capaz de levantar de sua degradação os mais empedernidos pecadores e colocá-los onde possam ser reconhecidos como filhos de Deus, herdeiros com Cristo da herança imortal” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 229).

“Alguém honrado por todo o Céu veio a este mundo para, revestido da natureza humana, postar-Se à cabeceira da humanidade, testificando aos anjos caídos e aos habitantes dos mundos não caídos que, pelo auxílio divino que foi provido, todos podem andar na vereda da obediência aos mandamentos de Deus. ...

“Nosso resgate foi pago por nosso Salvador. Ninguém precisa ser escravizado por Satanás. Cristo está presente, como nosso ajudador todo-poderoso” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 309).

Gilberto G. Theiss, nascido no estado do Paraná, é membro da Igreja adventista do Sétimo dia desde 1996. Crê integralmente nas 28 doutrinas Adventista como consta no livro “Nisto Cremos” lançado pela “Casa Publicadora Brasileira”. Foi ancião por 3 anos na Igreja Adventista do Sétimo dia da cidade de Nova Rezende/MG e por 6 anos na Igreja Central de Guaxupé/MG. Foi Obreiro bíblico na mesma cidade e hoje, além de ser coordenador do curso básico de reforço teológico para líderes de igreja pelo site www.altoclamor.com, está Bacharelando no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Gilberto G. Theiss é autor de alguns livros e é inteiramente submisso e fiel tanto a mensagem bíblico-adventista quanto a seus superiores no movimento Adventista como pede hebreus 13:17. Toda a mensagem falada ou escrita por este autor é filtrada plenamente pelo que rege a doutrina bíblica-adventista do sétimo dia. Contato: altoclamor@altoclamor.com