OS METODISTAS, A LEI E O SÁBADO


OS METODISTAS, A LEI E O SÁBADO

Milhões de cristãos metodistas por todo o mundo têm sempre honrado a memória do chamado “pai do metodismo”, João Wesley, o grande reavivalista do século XVII. A posição de Wesley sobre a validade e vigência da lei divina foi assim por ele expressa:

“Mas, a lei moral, encerrada nos Dez Mandamentos e reforçada pelos profetas, Ele (Cristo) não a anulou. Sua vinda não teve por propósito revogar nenhuma parte da mesma. Esta é uma lei que nunca pode ser ab-rogada. . . . Cada parte desta lei tem que permanecer em vigor sobre toda a humanidade, por todas as idades, sem depender de tempo ou lugar, ou qualquer outras circunstâncias propensas à troca, senão da natureza de Deus e a natureza do homem, e sua insubstituível relação mútua”. – The Works of the Rev. John Wesley, A.M. (As obra do Rev. John Wesley, A.M.), Johnny Emory, ed. (New York: Eaton & Mains), Sermão 25, vol. 1. pág. 221:

Wesley chegou a dizer de modo vigoroso:

“Na mais alta categoria dos inimigos do evangelho de Cristo, estão aqueles que, aberta e explicitamente, “julgam a lei”, e “falam mal da lei”; aqueles que ensinam os homens a quebrar . . . não somente um . . . mas todos os mandamentos de um só golpe. . . Isto é, na verdade, demolir enunciados com muita violência. . . ; isto é resistir na cara a nosso Senhor”. – Works of Wesley–Obras de Wesley (New York: Waugh & Mason, 1833)].

Tal firme posição desse homem de Deus se reflete no documento confessional há séculos acatado pelos metodistas, os “39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra”, ao estipular em seu artigo 7, sobre a lei divina:

“O Velho Testamento não é contrário ao Novo: pois tanto no Velho quanto no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo tanto Deus quanto homem. . . . Conquanto a lei dada por Deus mediante Moisés, no que tange a cerimônias e ritos, não seja vigente para os cristãos, nem os seus preceitos civis . . . não obstante nenhum cristão de modo algum está livre da obediência aos mandamentos que são denominados Morais”.–Artigo 7 dos “Trinta e Nove Artigos de Religião”. [Obs.: Esta mesma confissão é adotada pela Igreja Episcopal].

Como visto acima, tanto Wesley quanto o documento confessional metodista reconhecem a divisão das leis divinas como “moral”, “cerimonial”, “civil”, etc.

Sobre a perpetuidade do sábado, declarou ainda Wesley:

“‘Seis dias farás todo o tipo de obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus’. Não é teu, mas o dia de Deus. Ele o reivindica para Si próprio. Ele sempre o reivindicou para Si, desde o próprio início do mundo. ‘Em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, e descansou no sétimo dia. Portanto o senhor abençoou o dia do sábado e o santificou’. Ele o santificou; isto é, ele o tornou santo; ele o reservou para o Seu próprio serviço. Ele determinou que, enquanto o sol e a lua, os céus e a terra, durassem, os filhos dos homens deviam passar esse dia no culto Àquele que ‘lhes deu vida e respiração e todas as coisas’”. —John Wesley, “A Word to a Sabbath-breaker” [uma palavra a um violador do sábado], em Works, Vol. 11, págs. 164-166.


Tais pensamentos são compartilhados por outros autores da fé metodista:

“2. O sábado é indispensável ao homem, sendo propiciador do seu mais elevado bem, física, intelectual, social, espiritual e eternamente. Daí sua observância liga-se às melhores promessas, e sua violação com as mais severas penalidades. Êxo. xxiii, 12; xxxi, 12-18; Neem. xiii, 15-22; Isa. lvi, 2-7; lviii 13, 14; Jer. xvii, 21-27; Eze. xx, 12, 13; xxii, 26-31. Sua santidade era muito distintamente assinalada no ajuntamento do maná. Êxo. xvi, 22-30.
“3. A lei original do sábado foi renovada e tornada uma parte destacada da lei moral, ou dez mandamentos, dado mediante Moisés no Sinai. Êxo. xx, 8-11”.—Amos Binney e Daniel Steele, Binney's Theological Compend Improved (ed. 1902), pág. 170.

Na discussão sobre o sentido dos “sábados” de Colossenses 2:16, eis como o erudito metodista Adam Clarke se manifestou:

“‘Ninguém vos julgue pelo comer ou beber’ . . . O apóstolo aqui se refere a algumas particularidades do escrito de ordenanças, que foram abolidas, a saber, a distinção de carnes e bebidas . . . e a necessidade da observância de certos feriados e festivais, tais como as Luas novas e sábados particulares ou aqueles que deviam ser observados com incomum solenidade; todos eles foram abolidos e cravos na cruz, e não mais eram de obrigação”. (Clarke’s Commentary).
E reforçando o que já foi afirmado acima, que o sábado é mandamento de caráter moral, não cerimonial, as palavras do famoso e abalizado comentarista bíblico metodista cabem bem aqui, ao comentar a lei dos Dez Mandamentos em Êxodo 20:
“É digno de nota que nenhum destes mandamentos, OU PARTE DELES, pode . . . ser considerado cerimonial. Todos são morais e, conseqüentemente, de eterna obrigação”.—Clarke’s Commentary, Vol. 1, (sobre Êxo. 20).
Vejamos agora o pensamento de outro erudito, o Metodista Episcopal Amos Binney, em Theological Compend:
“É verdade que não há ordem positiva para o batismo infantil . . . Nem há qualquer ordem para observar o primeiro dia como dia santificado”. Págs. 180, 181.